quinta-feira, 18 de março de 2010

Não era eterno, mas o seu nome é e será inesquecível e imortalizado.

Augusto Cabrita era um apaixonado pela Música, pelo Cinema e pela Fotografia. Contudo, a sua maior paixão era a Vida, uma Vida que ele absorvia em cada segundo e vivia de forma singular, uma Vida que ele reflectia em cada imagem que captava, uma Vida que ele procurava transmitir a quem com ele convivia. Era este o segredo da sua Arte.

“ … a sua maior paixão era a Vida, uma Vida que ele absorvia em cada segundo e vivia de forma singular, uma Vida que ele reflectia em cada imagem que captava, uma Vida que ele procurava transmitir a quem com ele convivia. Era este o segredo da sua Arte”


Ontem, dia 16 de Março de 2010, teria sido um dia de felicitar o Mestre Augusto Cabrita pelo seu 87º aniversário. Infelizmente já não está connosco desde 1 de Fevereiro de 1993, data em que partiu para sempre. Poderia ainda ter vivido uns bons anos mais, pois, para além de ter estado mais tempo junto dos seus, muito mais ainda teria acrescentado à História da Arte em geral e à História da Fotografia e Cinema em particular. Mas se, por um lado, o Mestre partiu para sempre, para sempre também ficará a obra que nos deixou e que é motivo de orgulho para todos os portugueses, em geral, e barreirenses, em particular. A verdade é que, como simples mortal, o Mestre não era eterno, mas o seu nome é e será inesquecível e imortalizado.Augusto Cabrita era um apaixonado pela Música, pelo Cinema e pela Fotografia. Contudo, a sua maior paixão era a Vida, uma Vida que ele absorvia em cada segundo e vivia de forma singular, uma Vida que ele reflectia em cada imagem que captava, uma Vida que ele procurava transmitir a quem com ele convivia. Era este o segredo da sua Arte. Este é o elemento imprescindível à realização e boa recepção de qualquer imagem cinematográfica, o que fez dele um excelente, senão o maior, director de fotografia em Portugal. Era ele que conduzia a imagem à tela, que decidia a cor, a luz, a intensidade, que deslocava a câmara e a combinava com cada movimento real da pessoa e objecto, aproximando-se e afastando-se destes, medindo distâncias, movimentando os olhos. E os olhos do Mestre, embora escondidos pela câmara, não paravam de se mover para fora e dentro desta, para o espaço real e para a tela. O olhar de Augusto Cabrita contemplava a realidade, de forma singular e sublime, e nela se projectava em pensamento de forma revelar beleza no mais simples objecto e a ser absorvido pela sua interioridade. Um olhar contagiante que nos leva a percorrer o mesmo caminho da contemplação, onde cada imagem é uma nota musical, onde tudo acontece, onde tudo se explica, onde pulsam os sentimentos, as emoções, a humanidade, a vida.Tudo isto se explica não apenas porque ele fazia um excelente trabalho e era um excelente artista mas sim, e sobretudo, porque ele fazia do seu trabalho uma devoção, um modo de vida, diria até a sua própria vida. E tudo isto também porque Augusto Cabrita era um grande Homem. Por isso é e sempre será o eterno Amigo para os que tiveram a oportunidade de conviver com ele e é e será também sempre uma referência incontornável da fotografia, da televisão e do cinema, em Portugal. Estamos todos em dívida com ele pois a sua obra merecia ser devidamente acondicionada e editada. Deveria haver mais livros com fotografias suas, por exemplo. Eu própria tenho procurado pelos poucos que há como é o caso da colecção daqueles lindíssimos livros com fotos do Mestre, editados pela Verbo, da qual faz parte por exemplo a obra “Os Mais Belos Rios de Portugal”, e não os vejo por aí à venda. Os seus filmes, centenas de curtas-metragens que fez para a RTP, os documentários e reportagens que nos contam momentos únicos da História do Mundo, deveriam ser editados em DVD e estar acessíveis a todos, principalmente às escolas, espaço de educação e cultura, por excelência. Os tesouros não se devem esconder mas sim compartilhar e tenho a certeza que era isso que o Mestre desejava que acontecesse.Muito mais haveria, aqui, a dizer. Esta foi apenas uma pequena homenagem que achei justo fazer a ele e à sua família. É, de certa forma, um pequeno contributo para divulgar o seu nome.“O prólogo da minha volta de todos os dias é exercitar o olhar através da janela do meu quarto, mal ensaio os meus primeiros golpes de vista, sinto que já ganhei o mais belo prémio do mundo: tenho o Tejo a minha frente.” (Augusto Cabrita)
Clara Soares

1 comentário:

  1. Pedro,
    É bom recordar os Mestres, sinal que suas Obras estão vivas, servindo também para avivar memórias curtas.
    abraço,
    João Rocha

    ResponderEliminar